Se a sua empresa tem dados, mas não resultados, o problema pode ser a falta de escuta ativa.
Vivemos a era dos dados. Hoje, as empresas têm à disposição uma infinidade de métricas.
Sem dúvidas, o avanço do people analytics trouxe mais objetividade e transparência à gestão de pessoas.
No entanto, apesar de serem indispensáveis, os números não contam toda a história. Afinal, eles mostram o que está acontecendo, mas não explicam o porquê.
Um turnover de 20% em um ano é um dado claro. Mas ele não revela os reais motivos por trás das demissões. Será por falta de reconhecimento, liderança autoritária, ou poucas oportunidades de crescimento?
Segundo a Gallup, 70% da variação no engajamento de uma equipe está ligada à atuação direta do líder.
Isso mostra que, por trás de cada dado, existe uma realidade humana que precisa ser compreendida.
É justamente aqui que surge o problema: empresas que já trabalham com dados, mas ainda não conseguem traduzi-los em ações assertivas porque deixam de lado um elemento essencial: a escuta ativa.
Pensando nisso, elaboramos este artigo para você entender como aliar dados e escuta ativa e como aplicá-la na prática para transformar números em resultados reais.
Neste conteúdo você encontra:
- O que é escuta ativa?
- Importância da escuta ativa: por que dados não bastam?
- Exemplos de escuta ativa
- Como fazer a escuta ativa na prática
- Desafios para equilibrar dados e escuta ativa
- O papel da tecnologia na escuta ativa
- FAQ: Perguntas frequentes sobre escuta ativa
- A chave para transformar dados em ação
O que é escuta ativa?
A escuta ativa é muito mais do que ouvir palavras. É a habilidade de prestar atenção genuína ao outro, compreendendo emoções, intenções e necessidades escondidas por trás do discurso.
Segundo Stephen Covey, autor do clássico Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes, “a maioria das pessoas não ouve com a intenção de compreender; ouve com a intenção de responder”.
A escuta ativa quebra esse padrão. Ela exige foco, empatia, ausência de julgamentos e a disposição de validar os sentimentos do outro.
No contexto de gestão, a escuta ativa envolve prestar atenção total no colaborador durante conversas, reuniões ou feedbacks, respondendo de forma empática e construtiva.
Importância da escuta ativa: por que dados não bastam?
Enquanto os dados fornecem respostas objetivas, como taxas, médias e variações, eles não revelam emoções, motivações ou barreiras subjetivas que influenciam diretamente o desempenho e o engajamento.
Dados sem escuta podem ser interpretados de forma rasa ou até equivocada. Até porque é ela que conecta a dimensão humana à gestão de resultados.
Ela permite que líderes compreendam fatores como expectativas de carreira, dificuldades pessoais que impactam a performance, percepção de injustiças, ou até mesmo a falta de clareza sobre as metas.
Tudo isso são elementos que dificilmente aparecem nos relatórios de desempenho, mas que fazem diferença no engajamento e na retenção de talentos.
Assim, combinando dados e escuta ativa, os indicadores apontam onde olhar e as conversas revelam como agir.
Vamos entender mais a partir de um exemplo prático:
- Dado: a produtividade do time caiu 15% em relação ao trimestre anterior.
- Hipótese inicial: falta de comprometimento.
- Escuta ativa: revela que a equipe está lidando com processos engessados e excesso de demandas manuais que reduzem a eficiência.
Ou seja, enquanto os números apontam o sintoma, a escuta revela a causa.
Benefícios da escuta ativa
Empresas que conseguem integrar dados e escuta ativa possuem uma série de benefícios, como:
- Decisões mais completas: menos achismos e interpretações superficiais.
- Engajamento elevado: colaboradores sentem que são parte das soluções, não apenas objetos de análise.
- Cultura mais transparente e colaborativa: a escuta promove confiança mútua entre colaboradores e líderes.
- Inovação: ouvir genuinamente abre espaço para ideias que dificilmente surgiriam apenas em relatórios.
Exemplos de escuta ativa
Vamos entender alguns cenários típicos nos quais a combinação entre dados e escuta ativa faz toda a diferença:
- Turnover elevado
- O número mostra: 1 em cada 5 colaboradores deixou a empresa no último ano.
- Sem escuta: interpreta-se que os salários estão defasados.
- Com escuta: descobre-se que muitos saíram porque não tinham uma relação saudável com suas lideranças.
- Baixo desempenho em avaliações
- O número mostra: 40% dos colaboradores não atingiram as metas.
- Sem escuta: conclui-se que faltou esforço individual.
- Com escuta: identifica-se que as metas não estavam claras ou que faltou treinamento específico.
- Queda no engajamento
- O número mostra: o índice de engajamento caiu de 80% para 65% em dois anos.
- Sem escuta: a empresa lança campanhas motivacionais superficiais.
- Com escuta: os colaboradores revelam que não confiam nas lideranças e que não sentem suas opiniões consideradas nas decisões.
- Alta taxa de absenteísmo
- O número mostra: aumento de 12% nas faltas justificadas.
- Sem escuta: acredita-se que os colaboradores não têm comprometimento.
- Com escuta: percebe-se que há sobrecarga emocional, falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional e ausência de políticas de apoio.
Como fazer a escuta ativa na prática
Para transformar informações em resultados, é essencial criar processos que integrem dados quantitativos e insights qualitativos.
1. Use people analytics para identificar tendências
Dashboards e relatórios apontam áreas de atenção, como equipes com maior turnover ou metas não atingidas.
Esses números funcionam como um “mapa” que mostra onde investigar mais a fundo.
2. Aplique escuta ativa em diferentes interações
Tenha conversas individuais (1:1), colete feedbacks contínuos e promova reuniões abertas para ouvir percepções.
É nesses momentos que surgem detalhes que os números sozinhos não explicam.
3. Faça perguntas abertas e estratégicas
O segredo da escuta ativa está nas perguntas que provocam reflexão e incentivam a transparência.
Perguntar “O que está dificultando sua entrega?” ou “O que poderia melhorar seu engajamento na equipe?” abre espaço para respostas mais profundas.
4. Cruze dados e insights
Relacione índices quantitativos com os relatos dos colaboradores. Exemplo: se a taxa de absenteísmo é alta, cruze esse dado com os relatos coletados em conversas pode revelar que a principal causa é o estresse decorrente de prazos apertados.
5. Elabore planos de ação mensuráveis
Use as evidências para definir estratégias e planos de ação, seja na redistribuição de carga de trabalho, em treinamentos específicos ou no fortalecimento de práticas de reconhecimento.
Além disso, esses planos devem ter indicadores de acompanhamento para avaliar se as ações baseadas na escuta realmente estão surtindo efeito.
6. Repita o ciclo continuamente
A integração entre dados e escuta não é um evento pontual. Deve ser parte da rotina de gestão, criando um fluxo constante de monitoramento, escuta, análise e ação.
Quando esse processo é incorporado ao dia a dia da empresa, os dados deixam de ser apenas números e passam a guiar decisões que realmente transformam o dia a dia dos colaboradores e os resultados do negócio.
Desafios para equilibrar dados e escuta ativa
Apesar de parecer simples, muitas empresas não conseguem esse equilíbrio. Isso acontece devido a algumas barreiras que discutiremos a seguir para você analisar se é o caso da sua organização.
- Cultura orientada apenas por métricas: ambientes excessivamente numéricos podem ignorar o lado humano da gestão.
- Liderança despreparada para ouvir: muitos líderes não receberam capacitação em escuta ativa e confundem ouvir com apenas “dar espaço para falar”.
- Medo por parte dos colaboradores: sem confiança, os colaboradores não compartilham percepções reais, o que compromete a qualidade da escuta.
- Falta de ferramentas e integração: dados ficam espalhados e perdidos, dificultando análises completas.
Superar esses desafios exige investimento em treinamento de lideranças, criação de ambientes psicológicos seguros e uso de plataformas que centralizem dados e feedbacks.
O papel da tecnologia na escuta ativa
A tecnologia é uma aliada para equilibrar números e escuta.
Plataformas como a da Mereo permitem não apenas acompanhar métricas de desempenho, desenvolvimento e engajamento em um só lugar, mas também dar voz aos colaboradores coletando feedbacks e organizando insights qualitativos.
A nossa pesquisa de clima possibilita coletar percepções dos colaboradores sobre diversas questões do ambiente de trabalho, como liderança, comunicação e oportunidades de desenvolvimento.
Saiba mais sobre a pesquisa de clima da Mereo!
FAQ: Perguntas frequentes sobre escuta ativa
1. O que é escuta ativa e por que ela é importante?
A escuta ativa é a prática de ouvir com atenção genuína, empatia e sem julgamentos, buscando compreender intenções, emoções e necessidades além das palavras. Nos ambientes corporativos, ela fortalece a confiança, melhora a comunicação e torna as tomadas de decisão mais humanas e embasadas.
2. Como desenvolver a escuta ativa no trabalho?
As práticas mais recomendadas incluem:
- Fazer perguntas abertas para estimular respostas reflexivas;
- Manter foco total na conversa, eliminando distrações;
- Evitar interrupções e validar o que foi dito por meio de paráfrases;
- Observar expressões não verbais e reafirmar entendimento com empatia
3. Quais os principais benefícios da escuta ativa para empresas?
Empresas que cultivam escuta desfrutam de:
- Relações internas mais colaborativas e transparentes;
- Ambiente de confiança com menor índice de conflitos;
- Fluxo de comunicação mais eficiente do baixo para o alto da organização;
- Engajamento e retenção de talentos mais sólidos.
A chave para transformar dados em ação
Empresas que se baseiam apenas em números correm o risco de interpretar mal a realidade.
Já aquelas que dependem apenas de percepções subjetivas deixam de lado a objetividade necessária para mensurar resultados.
A escuta ativa revela o que os números não contam: sentimentos, percepções, ideias, preocupações e motivações.
Quando somada à precisão dos dados, ela transforma relatórios em planos de ação reais, impulsiona o desenvolvimento de competências e aumenta o engajamento das equipes.
Se a sua empresa já tem dados, mas sente dificuldade em transformá-los em resultados, está na hora de integrar a escuta ativa à gestão.